domingo, 28 de novembro de 2010

On the road





Balangandam

Depois de tantos caminhos, viagens, encontros e rencontros, começo a processar o que foi essa experiência em minha vida. Nada se compara a tal mundo, a tal cultura tão exótica, ímpar e tão verdadeira, nada alcança a dimensão de atravessar a capa do tempo e transcender a barreira do espaço, navegando por outros portos, criando raízes e simplesmente tendo que se arrancar para um novo. Agora já é quente aqui, nos corações, nas artes, mas ainda vejo todo aquele branco que só se vê ele, neve, gelo, frio, tremer, respirar lentamente para não gelar os bronquíolos pulmonares e agora nesta mesma época, o sol, reluzente, o azul do mar, o verde das matas. Estamos de ponta cabeça no globo, estou há 30º abaixo a linha do equador, estava 62º acima. Os animais mudaram, os sorrisos são outros, a música é outra, o balangandam é outro. Já não ouço aquele silêncio mágico que me faz ouvir o som do universo, já não tenho a estabilidade temporal, voltei a viver o não tempo, voltei a viver o visceral. E as estações mudam sempre, isso faz ser mais emocionante, essa roda viva que gira, e não para de girar, na aceleração nula, nua e crua. Quero cair na estrada novamente, talvez agora para a própria linha do equador que me fez o chamado artístico, místico e estratosférico. Viva a natureza selvagem! Viva a Terra! Viva a arte! Viva a diversidade cultural! Viva a vida!
Aaron Ramathan